Verões
A história da J.
Na época de faculdade, ainda nas exatas, eu e uns amigos tínhamos a sensação de que cada pessoa tinha uma aura distinta que se aproximava mais ou menos de alguma estação. Algumas mulheres são como um inverno, rigoroso e convidativo para ficar debaixo dos lençóis olhando o mundo passar lá fora. Normalmente as loiras de olhos claros são desse tipo.
Algumas mulheres tem aquele ar de final/inicio de primavera com sol fraco e temperatura amena, convidativas a um passeio na orla, um chimarrão na redenção, uma caminhada pelo centro histórico.
Outras tantas são sazonais, mudam conforme o mundo gira.
Mas nenhuma delas era um verão. Até a J. Um verão é quente, arrebatador, te faz querer ficar na praia. Te faz querer fazer tudo o que tem vontade. Te faz sentir como se fosse, pela primeira vez, possível sentir aquele sol depois de 10 anos de invernos.
J é assim. Enquanto eu me perco nos olhos dela, percebo sem jeito que penso também no seu corpo. Nas suas curvas, no modo como ela anda e em como as pernas delas parecem uma autoestrada inifinita onde eu deveria estar me perdendo nesse exato momento. Fotos, segredos, suor, desejo. Paixão. Amor. As coisas ocorrem todas as mesmo tempo. A vida não me dá tempo pra pensar. Eu quero respirar mas não consigo, eu só penso nela, de longe. Imagino como é tocar na pele dele. Qual será o seu perfume? Que gosto tem o corpo dela?
Em minutos, me perco nela e em mim mesmo. Me perco no que ela é e no que ela será. Quero me apegar a cada momento que eu puder ter ao lado dela, como um raio de sol no verão que termina na beira da praia. Quero que aquele momento, aquelas férias de mim mesmo, aquele verão em forma de mulher, dure pra sempre. Estico cada conversa até onde dá, peço pra ela todos os sonhos que ela guarda. Quero ela inteira, alta, magra, linda. Como um verão sem fim, ela me esquenta, me faz suar, me faz sentir tesão, paixão e vontade de ser de novo o quem eu era em 2006, antes dos invernos.
J é o meu verão. O sol. O calor. O sotaque chiado. O tesão. O amor à distância. O corpo em formato de coração que se estica na minha frente, nos meus sonhos, e me chama pra possuí-la. E eu possuo, sem saber que ela me possuira antes de tudo e todos. Nas suas curvas eu me perco nos útimos minutos dos meus sonhos. Acordo sozinho na cama, esperando que ela estivesse ali. Ela está, assim como eu estou com ela, mas não fisicamente. Nos conectamos um com o outro de modos que a maioria não se conecta presencialmente. Ela me fala coisas que nunca ouvi de nenhuma mulher. Me faz promessas, supresas e me presenteia com a sua alma.
Eu retribuo.
Porque J é o meu verão.