Lula & Dilma
Escrito lá pelo idos de 2016/2017.
O mais bizarro é que quando Lula diz que a Dilma caiu por ser incompetente e pipipi popopo ele está falando sobre a dureza dela com a CGU e núcleos autônomos da PF. O tenso do impeachment dela se deu logo após a CGU entregar os relatórios dos municípios auditados.
Isso é algo que pouca gente presta atenção, mas foi a primeira medida realmente dura anticorrupção do país.
E já ouvi histórias (gente que se encontra com a Gleisi nos corredores e elevadores da sede do partido) de que a assessoria dela passava por cima e tomava decisões sem autorização dela, bem como viciavam o que falavam para ela. O que me leva a crer que o próprio petismo não foi só omisso, como parte de um acordo pelo golpe. O que saiu do controle foi o Bolsonaro mesmo, que eles capitalizaram para reviver a imagem do partido como oposição porque é um absurdo de simples se oposto ao Bolsonaro sem discutir pautas sensíveis ao petismo.
Vivo martelando isso aqui, o impeachment não foi uma vontade que deu bateu da noite pro dia no Congresso e do nada tiraram a Dilma. Foram vários fatores políticos e econômicos se acumulando, incluindo intrigas internas do PT.
Tem uma matéria muito interessante que discute sobre o impeachment pelo ponto de vista das intrigas do PT:
O estopim do impeachment foi o momento em que o PT decidiu não apoiar o Cunha no conselho de ética, exatamente no mesmo dia em que a maioria deu este posicionamento, o Cunha pautou o impeachment:
PT decide votar contra Cunha, que pode deflagrar impeachment de Dilma — 02/12/2015 14h08
Eduardo Cunha autoriza abrir processo de impeachment de Dilma — 02/12/2015 18h40
Botei a data com o horário das matérias para você ver o timing.
As intrigas internas do PT aparentemente se iniciaram ainda no primeiro governo Dilma, quando ela decidiu fazer aquela faxina ministerial, em que expulsava todos os ministros investigados, retirando até mesmo alguns integrantes influentes do PT do Executivo, e se tornaram muito mais intensas quando a Dilma furou o combinado com o Lula e insistiu na própria candidatura em 2014. Próximo da eleição de 2014 os dois tiveram uma reunião no Planalto em que o Lula aceitou ceder a candidatura para a Dilma, e isto já iniciou uma racha interna no PT.
Provavelmente em consequência disso, no decorrer de 2015 o próprio PT atritava com as pautas econômicas da Dilma para tentar conter a crise e davam corda para algumas pautas bombas do Cunha.
A Dilma em 2015 evitou interferência na Lava Jato para assegurar o seu funcionamento. Isso intensificou mais ainda os atritos com o PT, que pressionavam o seu Ministro da Justiça por interferências. Quando teve a operação contra o Lula, a pressão em cima dele estava tão alta que pediu demissão.
Cardozo volta a ser pressionado por PT por causa de ações da Polícia Federal Sob ‘fogo amigo’ do PT, Cardozo pede demissão do Ministério da Justiça e aumenta crise do Governo
Nos grampos do Lula da Lava Jato de março de 2016, disponíveis aqui, tem algumas conversas que implicam que os dois estavam tentando se reconciliar depois que a situação apertou demais.
Acho que alguns integrantes do PT queriam pressionar a Dilma para tentar ter mais influência no governo, mas isso persistiu por muito tempo com a Dilma resistindo, e tentaram se reconciliar quando a situação apertou demais no caso do Lula e no impeachment.