Comunicação e a extrema direita brasileira.
Um dos pilares do chamado “bolsonarismo” é a propagação de notícias falsas que se dá, principalmente, através de grupos de WhatsApp, Facebook e memes em redes sociais como Twitter.
Tirando a parte da tecnologia — o WhatsApp só virou o que virou porque as operadoras de telefonia infringiram o Marco Civil da internet e deixaram o mensageiro com zero rating — o que mais me chama atenção é a estética.
Não que seja uma estética refinada ou trabalhada, pelo contrário (e é isso que é tão interessante pra mim), ela é feita com zero recursos e quer parecer simples, fácil, humilde e pobre (principalmente). Como se ela fosse feita por pessoas comuns, em casa, no telefone antigo. É uma arte brutal e ingênua, que carrega consigo um significado de mundo, um mundo mais simples (mais mundano) que transborda uma atitude em relação à vida muito menos questionadora e, por isso mesmo, sem atritos. Onde os papéis são definidos e pouco se muda de local.
Essa arte bolsonarista, em contraste com o que sempre vimos com o PSDB e o PT, é em última análise popular — no sentido de ser algo corriqueiro no país — que está inserida no imaginário de todo mundo, principalmente quem mora nas franjas da cidade. E por isso mesmo ela agrega tanto ao imaginário do Capitão que vai salvar o país. Ele é, acima de tudo, um homem pobre, bumilde, religioso e trabalhador. Um contraste com a capacidade intelectual dos outros políticos e com a própria polidez adquirida por Lula ao longo dos anos. Bolsonaro poderia estar fazendo um churrasco numa quadra de futsal em Gravataí, e esse é o ponto de toda a imagem dele. E essa arte “memética” traduz isso em pequenas frases, imagens escatológicas e frames da grande imprensa. É fácil entender o apelo e, principalmente, o sucesso.
Espero que alguém esteja fazendo um acervo desse tipo de comunicação política. Vamos precisar estudar isso quando o delírio passar.